Os miseráveis - volume II


Título original: Les misérables - Vol. II
Autor(a): Victor Hugo
Ano da edição: 2007
Editora: Martin Claret
Gênero: Romance
Catalogação: Romance Francês
Sinopse: Um dos maiores clássicos da literatura mundial, "Os miseráveis" é considerado um manifesto contra a desigualdade e as injustiças sociais. Publicado originalmente em 1862, descreve de maneira vívida a sociedade francesa do século XIX, traçando também um panorama político da época. Com narrativa envolvente e trama complexa, a história é centrada em Jean Valjean, que, após cumprir 19 anos de prisão pelo roubo de um pão e ter sido submetido a trabalhos forçados, tem seu destino entrelaçado ao de personagens fortes e intensos, cujas vidas são um retrato da difícil realidade do país. A obra-prima de Victor Hugo atravessa os séculos com uma temática que subsiste ainda nos dias de hoje - não à toa já foi adaptada diversas vezes para o cinema e a televisão.
TRECHOS EXTRAÍDOS NA LEITURA DO LIVRO
“Assim como os homens cansados pedem descanso, os fatos consumados pedem garantias. As garantias são para os fatos o mesmo que o descanso é para os homens”.
“Por maiores que sejam nossos egoísmos e rancores, um respeito misterioso brota dos acontecimentos nos quais se reconhece a colaboração de alguém que trabalha acima do homem”.
“Que ninguém se esqueça, com efeito, de que onde só há esperteza necessariamente há pequenez. Dizer ‘os espertos’ é o mesmo que dizer ‘os medíocres’”.
“Na história, onde a bondade é pérola rara, quem foi bom quase supera quem foi grande”.
“Toda revolução, sendo uma realização normal, contém em si a sua legitimidade, que falsos revolucionários por vezes desonram, mas que persiste, ainda que maculada, e que sobrevive, ainda que ensangüentada. As revoluções nascem, não de um acidente, mas da necessidade. Uma revolução é um retorno do fictício ao real. Ela existe porque é preciso que ela exista”.
“Da combinação destas duas coisas, poderio público no exterior, felicidade individual interna, resulta a prosperidade social. Prosperidade social significa felicidade para o homem, liberdade para o cidadão, grandeza para a nação”.
“O mundo deixa cair e morrer tudo o que não passa de egoísmo, tudo o que não representa para o gênero humano uma virtude ou uma idéia”.
“É especialmente em função da indigência e da inteligência que é perigoso quando dois extremos se tocam”.
“Se fôssemos forçados a escolher entre os bárbaros da civilização e os civilizados da barbárie, escolheríamos os bárbaros. Mas, graças aos céus, uma outra escolha é possível. Nenhuma queda a pique é necessária, seja para avançar ou para retroceder. Nem despotismo, nem terrorismo. Queremos o progresso em suave declive. Deus o concede. A suavização dos declives, nisso consiste toda a política de Deus”.
“Os revolucionários sempre devem ter pressa; o progresso não tem tempo a perder”.
“A liberdade de um cidadão termina onde a liberdade de outro cidadão começa” - Proudhomme
“Nada é mais perigoso que o trabalho interrompido; é um hábito que se vai. Hábito fácil de perder, difícil de retomar”.
“O pensamento é o labor da inteligência, a abstração é o labor da voluptuosidade. Substituir o pensamento pela divagação é confundir um veneno com um alimento”.
“O homem, em estado sonhador, é naturalmente pródigo e frouxo; o espírito descontraído não pode levar uma vida contida. Nesse modo de viver, há uma mistura de bem e de mal, pois, se a moleza é funesta, a generosidade é sã e boa”.
“Mesmo em meio às angústias, feliz daquele a quem Deus deu uma alma digna do amor e do infortúnio! Quem não viu as coisas deste mundo e o coração dos homens sob essa dupla claridade, nada viu de verdadeiro e nada sabe. A alma que ama e que sofre encontra-se em estado sublime”.
“Coisa pungente, haver um momento em que a miséria desfaz os laços! Eram dois amigos, são dois passantes”.
“As mulheres brincam com sua beleza do mesmo modo que as crianças com sua espada. E com ela se machucam”.
“O primeiro sintoma do amor verdadeiro nos rapazes é a timidez; nas mocinhas, a ousadia. É surpreendente, e, no entanto, não há nada mais simples. São os dois sexos tendendo a aproximar-se e assumindo as qualidades um do outro”.
“A juventude, mesmo em meio a suas mágoas, tem sempre um brilho próprio”.
“O inverno sempre leva consigo algo de nossas tristezas”.
“O trabalho é a lei; quem o repele por aborrecimento, há de tê-lo como suplício. Não quer ser operário, será escravo. O trabalho só nos solta de um lado para depois nos prender pelo outro; não quer ser seu amigo, será seu negro. Ah! Você não quis a fadiga honesta dos homens, vai ter o suor dos condenados”.
“A preguiça, o prazer, que precipícios! Não fazer nada, é uma lúgubre resolução, sabe? Viver ocioso da substância social! Ser inútil, quer dizer, prejudicial! Isso leva diretamente ao fundo da miséria! Desgraçado do que quiser ser parasita, porque será verme!”.
“Não empreenda essa penosa tarefa de ser preguiçoso. Tornar-se um vadio não é cômodo. Menos custoso é ser homem de bem”.
“A riqueza não defende ninguém de uma má escolha; uniões desiguais acontecem mesmo nas classes altas; a verdadeira desigualdade é a das almas”.
“Deus está por trás de tudo, mas tudo oculta Deus. As coisas são negras, as criaturas são opacas. Amar um ser é torná-lo transparente”.
“Todas as obras de Deus foram feitas para servir ao amor. O amor é poderoso o suficiente para encarregar a natureza inteira de suas mensagens”.
“Amar, eis a única coisa capaz de ocupar e preencher a eternidade. Ao infinito é necessário o inexaurível”.
“O amor participa da própria alma. Tem a mesma natureza que ela. Como ela, é centelha divina; como ela, é incorruptível, indivisível, imperecível. É um ponto de fogo que está em nós, que é imortal e infinito, que nada pode limitar e que nada pode extinguir. Nós o sentimos queimar até a medula dos ossos e o vemos brilhar até a amplidão do céu”.
“Deus é a plenitude do céu; amor é a plenitude do homem”.
“O que amor começa não pode ser concluído senão por Deus”.
“Nada é bastante para o amor. Temos a felicidade, desejamos o paraíso; temos o paraíso, desejamos o céu”.
“O amor tem criancices, as outras paixões têm mesquinhez".
“Vós que sofreis porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver de amor”.
“Infeliz daquele que só tiver amado corpos, formas, aparências! A morte há de tirar-lhe tudo! Tratai de amar as almas, assim as reencontrareis”.
“A um certo grau de miséria, as pessoas são tomadas por uma espécie de indiferença espectral, e vêem os seres como larvas. Seus entes mais próximos com freqüência não lhes são mais do que vagas formas de sombra, mal distintas no fundo nebuloso da vida e facilmente confundidas com o invisível”.
“Em certo grau de miséria, o pobre, em seu estupor, nem geme com o mal nem agradece o bem”.
“A noite é o verdadeiro meio de tudo aquilo que é sombra”.
“O que conduz e arrasta o mundo não são as locomotivas, são as idéias. Atrelem as locomotivas às idéias, está bem, mas não tomem o cavalo pelo cavaleiro”.
“A preguiça é mãe. Tem um filho, o roubo, e uma filha, a fome”.
“É mesmo preciso dizer àqueles que o ignoram, a gíria é, ao mesmo tempo, um fenômeno literário e um resultado social. O que é a gíria propriamente dita? A gíria é a língua da miséria”.
“Se a língua que uma nação ou uma província falaram é digna de interesse, há uma coisa ainda mais digna de atenção e de estudo, a linguagem que falou de uma miséria”.
“O homem não é um círculo com um só centro; é uma elipse com dois focos. Os fatos são um, as idéias são o outro”.
“A verdadeira divisão humana é essa: os que vivem na luz e os que vivem nas trevas. Diminuir o número do que vivem nas trevas, aumentar o número dos que vivem na luz, eis o objetivo. É por isso que gritamos: ensino! Ciência! Aprender a ler é iluminar com fogo; cada sílaba soletrada cintila. De resto, quem diz luz não diz, necessariamente, alegria. Também se sofre com a luz; em demasia, queima. A chama é inimiga da asa. Queimar-se sem parar de voar, é esse o prodígio do gênio. Mesmo com conhecimento e amor, ainda se sofre. O dia nasce em lágrimas. Os iluminados choram, mesmo que seja apenas sobre os que vivem nas trevas”.
“A gíria é a língua dos que vivem nas trevas”.
“Quando um homem não tem mais do que farrapos sobre o corpo e vícios no coração, quando chegou a essa dupla degradação material e moral que caracteriza em suas duas acepções a palavra miserável, está pronto para o crime; é como uma faca bem afiada, tem dois cortes; sua miséria e sua maldade”.
“Uma escavação na gíria é uma descoberta a cada passo. O estudo e o aprofundamento desse estranho idioma conduzem ao misterioso ponto de intersecção da sociedade regular com a sociedade maldita. A gíria é o verbo que se tornou condenado”.
“O miserável, todas as vezes que tem tempo para pensar, faz-se pequeno diante da lei e mesquinho diante da sociedade; torna-se submisso, suplica, volta-se para o lado da piedade; percebe-se que se reconhece em suas faltas”.
“O senso revolucionário é um senso moral. O sentimento do direito, desenvolvido, desenvolve o sentimento do dever. A lei de todos é a liberdade, que acaba aonde começa a liberdade de outrem”.
“O trabalho não pode ser uma lei sem ser um direito”.
“Se a natureza de chama providência, a sociedade deve se chamar previdência. O desenvolvimento intelectual e moral não é menos indispensável que o melhoramento material”.
“Saber é um viático; pensar é primeira necessidade; a verdade é alimento assim com o trigo. A razão, em jejum de ciência e de sabedoria, definha”.
“Se há alguma coisa mais pungente do que um corpo agonizante pela falta de pão, é uma alma que morre da fome de luz”
“À medida que o gênero humano se elevar, as camadas profundas naturalmente sairão da zona de desgraça. O fim da miséria ocorrerá por meio de uma simples elevação de nível”.
“Não há retrocessos de idéias bem como não há retrocessos de rios. Mas, que aqueles que não desejam um futuro pensem bem nisso. Dizendo não ao progresso, não é o futuro que eles condenam, mas a si mesmos. Contraem uma doença sombria, inoculando-se o passado. Só há uma maneira de recusar o Amanhã, morrer”.
“Sob a mortalidade social sente-se a imortalidade humana. Por haver aqui e ali essas chagas, as crateras, e essas impigens, as solfataras, por haver um vulcão que supura e lança seu pus, nem por isso o globo vai morrer. Doenças do povo não matam o homem”.
“Entre os egoístas, os preconceitos, as trevas da educação rica, o crescente apetite para o inebriamento, um atordoamento de prosperidade que ensurdece, o receio de sofrer que, em alguns, vai até a aversão pelos sofredores, uma satisfação implacável, o eu tão empertigado que fecha a alma; entre os miseráveis, a cobiça, a inveja, o ódio de ver os outros felizes, os profundos impulsos da besta humana para a saciedade, os corações cheios de névoa, a tristeza, a necessidade, a fatalidade, a ignorância impura e simples”.
“O amor, elevado a uma altura em que se torna absoluto, complica-se com não se sabe que celeste cegueira do pudor”.
“O amor não tem meio-termo; ou perde ou salva. Todo o destino humano está nesse dilema. Tal dilema, perda ou salvação, nenhuma outra fatalidade o coloca mais inexoravelmente que o amor. O amor é a vida, se não for a morte. É berço, também é túmulo. O mesmo sentimento diz sim e não dentro do coração humano. De todas as coisas que Deus criou, o coração humano é a que desprende mais luz, ai! E mais escuridão”.
“Cada vez que o vento sopra, leva consigo mais sonhos dos homens do que nuvens do céu”.
“Fazer elogios à mulher amada é o primeiro modo de fazer carícias, uma meia audácia que se tenta. O elogio é algo como um beijo dado através de um véu. Uma doce pontinha de volúpia existe aí, embora escondida. Diante da volúpia o coração recua, para melhor amar”.
“O amor quase substitui o pensar. O amor é um ardente esquecer de todo o resto. Peçam lógica à paixão. Há no coração humano tanto encadeamento lógico quanto figuras geométricas perfeitas na mecânica celeste”.
“De olhos fechados, essas é a melhor maneira de ver a alma”.
“É uma estranha pretensão dos homens querer que o amor conduza algum lugar”.
“O amor verdadeiro é luminoso como a aurora e silencioso como o sepulcro”.
“É um erro supor que a paixão, quando feliz e pura, conduz o homem a um estado de perfeição; ela simplesmente o conduz, já o constatamos, a um estado de esquecimento. Nessa situação, o homem esquece de ser mau, mas também esquece de ser bom. O reconhecimento, o dever, as lembranças essenciais e importunas desaparecem”.
“Quando se está no fim da vida, morrer significa partir; quando se está no princípio, partir significa morrer”.
“No primeiro amor, toma-se a alma muito antes do corpo; mais tarde, toma-se o corpo muito antes da alma; às vezes não se toma absolutamente a alma”.
“A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma jovem, a miséria de um velho não interessa a ninguém. É, de todos os abandonos, o mais cruel”.
“O que o sufrágio universal fez no uso de sua liberdade e de sua soberania não pode ser desfeito nas ruas. Do mesmo modo no que tange às coisas de pura civilização; o instinto das massas, ontem clarividente, pode amanhã estar turvado”.
“O ruído do direito em movimento é facilmente reconhecível e nem sempre sai do tremor das massas agitadas; há raivas insanas; há sinos quebrados - nem todo toque de alarme soa como o bronze. O impulso das paixões e das ignorâncias é diferente do impulso do progresso. Levantem-se, que seja, mas para crescer. Mostrem-me para que lado vão. Não há insurreição senão para adiante”.
“A honestidade de um grande coração, condensada em justiça e em verdade, fulmina”.
“Alimentar o povo é um bom objetivo, massacrá-lo é um péssimo meio”.
“O desaparecimento das guerras, tanto a guerra das ruas como a das fronteiras, tal é o inevitável progresso. Seja o hoje como for, a paz é o Amanhã”.
“A rua é livre, os caminhos são de todo o mundo”.
“A guerra não se qualifica por seu objetivo. Não há nem guerra estrangeira nem guerra civil; há somente a guerra injusta e a guerra justa. Até o dia em que a grande concordata humana tiver sido concluída, a guerra, pelo menos aquela que é o esforço do futuro que se apressa contra o passado que se atrasa, pode ser necessária. O que temos a criticar nessa guerra? A guerra só é vergonhosa, e a espada punha, quando assassina o direito, o progresso, a razão, a civilização, a verdade. Então, guerra civil ou estrangeira, ela é iníqua; chama-se crime”.
“A alma não se rende ao desespero sem haver esgotado todas as ilusões”.
“Existem desmoronamentos internos. A penetração de uma certeza lancinante no homem não se produz sem afastar e romper certos elementos profundos que, às vezes, são o próprio homem. A dor, quando chega a esse ponto, é um salve-se quem puder de todas as forças da consciência. Estas são crises fatais. Poucos dentre nós saem delas semelhantes a si mesmos e firmes no seu dever. Quando o limite do sofrimento transborda, a virtude mais imperturbável se desconcerta”.
“As grandes dores contêm o desalento. Elas desencorajam a existência. O homem no qual penetram sente que algo é retirado dele. Na juventude, sua visita é lúgubre; mais tarde, é sinistra”.
“O nosso coração é tão agitado, e a vida humana um tal mistério, que, mesmo em um assassinato cívico, mesmo em um assassinato libertador, se é que isso existe, o remorso de ter ferido um homem ultrapassa o prazer de ter sido útil ao gênero humano”.
“Os gênios atraem a injúria, os grandes homens são sempre mais ou menos hostilizados”.
“Quando apoiamos nossos próximos com nosso trabalho, não temos mais o direito de nos sacrificar. Isso seria desertar da família”.
“Moças que não têm pão, isso é terrível! O homem mendiga, a mulher vende!”
“É preciso coragem para partir; porém, quanto mais difícil, mais meritório”.
“Assim como os incêndios iluminam uma cidade inteira, as revoluções iluminam todo o gênero humano. E que revolução faremos? Acabei de dizer, a revolução da Verdade. Do ponto de vista político, há somente um princípio, a soberania do homem sobre si mesmo. Essa soberania de mim sobre mim chama-se Liberdade. Onde duas ou mais destas soberanias se associam, principia o Estado. Mas, nesta associação não há nenhuma abdicação. Cada soberania concede certa quantidade de si mesma para formar o direito comum. Essa quantidade é igual para todos. Essa identidade de concessão que cada um faz a todos chama-se Igualdade. O direito comum nada mais é que a proteção de todos brilhando sobre o direito de cada um. Essa proteção de todos sobre cada um chama-se Fraternidade. O ponto de interseção de todas essas soberanias que se agregam chama-se Sociedade. Ssendo essa interseção uma junção, esse ponto é nó. Daí vem o que chamamos laço social. Alguns dizem contrato social, o que é a mesma coisa; a palavra contrato é etimologicamente formada com a idéia de laço. Vamos nos entender sobre a igualdade; pois se a liberdade é o cume, a igualdade é a base. A igualdade, cidadãos, não é o nivelamento de toda a vegetação; uma sociedade de grandes punhados de grama e pequenos carvalhos; uma vizinhança de invejas castrando-se mutuamente; é, civilmente, a oportunidade por igual de todas as aptidões; politicamente, o mesmo peso para todos os votos; religiosamente, todas as consciências possuindo os mesmo direitos. A igualdade tem um órgão; a instrução gratuita e obrigatória. É preciso começar pelo direito ao alfabeto. A escola primária imposta a todos, a escola secundária oferecida a todos, assim deve ser a lei. Da escola idêntica sai a sociedade igual. Sim, ensino! Luz! Luz! Tudo provém da luz e tudo retorna para a luz”.
“Assim é feita a juventude; enxuga rapidamente os olhos; acha a dor inútil e não a aceita. A juventude é o sorriso do futuro diante do desconhecido que é ele mesmo. Parece-lhe natural ser feliz. Parece que sua respiração é feita de esperança”.
“Quando estamos apaixonados como um tigre, o mínimo que podemos fazer é lutar como um leão”.
“Um homem sem mulher é como uma pistola sem gatilho; é a mulher que faz o homem disparar”.
“A utopia que se impacienta e se torna revolta sabe o que a espera; quase sempre chega cedo demais. Então, resigna-se e aceita estoicamente a catástrofe, em vez do triunfo. Ela serve, sem se queixar e até desculpando-se, os que a renegam, e sua magnanimidade está em consentir o abandono. Ela é indomável contra o obstáculo e meiga com a ingratidão”.
“Até que a ordem, que nada mais é do que a paz universal, esteja estabelecida, até que a harmonia e a unidade reinem, o progresso terá, por etapas, revoluções”.
“Parece que a utopia já não tem fé na luz, sua força irresistível e incorruptível. Fere com a espada. Porém, nenhuma espada possui um só gume. Toda espada tem dois gumes; quem fere com um fere-se com o outro”.
“A vitória, quando é conforme ao progresso, merece os aplausos dos povos, mas uma derrota heróica merece o seu enternecimento. Uma é magnífica, a outra é sublime”.
“Coisa admirável, a poesia de um povo é o elemento de seu progresso. A quantidade de civilização se mede pela dose de imaginação. Somente um povo civilizador deve conservar-se viril”.
“Existem pessoas que observam as leis da honra como observam as estrelas, de muito longe”.
“Na cegueira de uma péssima economia política, afoga-se, deixa-se ir por água abaixo e deixa-se perder no abismo o bem-estar de todos”.
“O destino tem certas extremidades que vêm a pique sobre o impossível e para além das quais a vida nada mais é que um precipício”.
“O amor é a tolice dos homens e o espírito de Deus”.
“A felicidade sozinha é como o pão seco. Come-se, mas não é um jantar”.
“A mente que não se volta para os horizontes apagados não contém pensamento nem amor”.
“O amor é o cadinho sublime onde se faz a fusão do homem e da mulher, da qual resulta o ser único, o ser tríplice, o ser final, a trindade humana”.
“A felicidade perfeita implica a solidariedade dos anjos”.
“Amar ou ter amado é o bastante. Não peçam mais nada depois. Não há outra pérola que se possa encontrar nas dobras obscuras da vida. O amor é uma realização”.
“O primeiro passo não é nada; o último é que é difícil”.
“É assim, por uma série de constatações sucessivas, de nós mesmos sobre nós mesmos, que a vida nos corrige pouco a pouco”.
“Para um condenado, uma máscara não é só uma máscara, é abrigo”.
“Despertar de consciência é grandeza de alma”.
“Deus tem seus instrumentos; e serve-se da ferramenta que lhe aprouver. Ele não tem de prestar contas ao homem”.
“Quando é o coração que escorrega, não é possível deter-se na ladeira”.
“Aquilo em certos casos e de forma dura demais, chamamos de ingratidão dos filhos, nem sempre é uma coisa tão digna de censura como se acredita. É a ingratidão da natureza. A natureza, como já dissemos de outra feita, ‘olha para frente’; divide os seres vivos em criaturas que chegam e em criaturas que partem. As que partem viram-se para a sombra, as que chegam voltam-se para a luz. Vem daí um afastamento que, por parte dos velhos, é fatal, e, por parte dos jovens, é involuntário. Esse afastamento, em princípio insensível, aumenta lentamente, como toda separação de ramos. Os ramos, sem se desprenderem do tronco, afastam-se dele. Mas não é sua culpa. A juventude vai para onde há alegria, para as festas, para os amores, para a viva luminosidade. A velhice caminha para o fim. Não se perdem de vista, mas não há mais união. Os jovens sentem o resfriamento da vida, os velhos, o resfriamento do túmulo”.
“Morrer não é nada; horrível é não viver”.
Texto e Imagem: Google
📚 Biblioteca de Terceiros

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