Frases de Guimarães Rosa


Nas obras de Guimarães Rosa há sempre mais que histórias. Há poesia, reflexão e frases que vamos levar pra vida toda. Em cada livro, encontraremos algum trecho que, certamente, nos fará admirar esse grande escritor e querer ler mais e mais. Por isso, bora conhecer e ler toda sua obra?!
FRASES E TRECHOS DAS OBRAS
"É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado". 
"Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?". 
 "Sussurro sem som, onde a gente se lembra, do que nunca soube". 
 "Mar não tem desenho, o vento não deixa, o tamanho...".
 "Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... Essa... a alegria que ele quer".
 "Felicidade se acha é em horinhas de descuido". 
"Saudade é ser, depois de ter". 
"Infelicidade é uma questão de prefixo". 
"Viver para odiar uma pessoa é o mesmo que passar uma vida inteira dedicado à ela". 
"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura". 
"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo". 
 "Sorte é isto. Merecer e ter. Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado".
 "Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos".
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
 "Viver é um rasgar-se e remendar-se". 
"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". 
"Eu não sentia nada. Só uma transformação pesável. Muita coisa importante falta nome".
 "Quem muito se evita, se convive". 
"Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo". 
"De sofrer e de amar, a gente não se desfaz". 
 "Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe". 
 "Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego". 
"O trágico não vem a conta-gotas". 
"O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão". 
"Cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, mesmo parecendo que esta pertinho". 
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura". 
 "As coisas mudam no devagar depressa dos tempos".  
 "Deus come escondido, e o Diabo sai por toda a parte lambendo o prato".
 "O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza...". 
 "Rezar muito e ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas em Deus". 
 "As coisas assim a gente não perde nem abarca. Cabem é no brilho da noite. Aragem do sagrado. Absolutas estrelas". 
"Todo abismo é navegável a barquinhos de papel". 
"Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria só tudo. Uma coisa, a coisa, esta coisa: eu somente queria era - ficar sendo!". 
 "Viver é um descuido prosseguido. Mas quem é que sabe como? Viver... o senhor já sabe: viver é etecétera...". 
 "Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar". 
"O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos". 
"Esperar é reconhecer-se incompleto". 
 "Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar". 
 "O amor? Pássaro que põe ovos de ferro". 
"Natureza da gente não cabe em certeza nenhuma". 
 "Não gosto desse passarinho. Não gosto de violão. Não gosto de nada que põe saudades na gente". 
"O rio não quer chegar, mas ficar largo e profundo...". 
 "O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo". 
 "Há pessoas que estão vindo muito demoradas...". 
"A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba". 
 "A vida é feita de poucas certezas e muitos dar-se um jeito". 
 "O de hoje é um dia que comprei fiado". 
 "O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver". 
 "Representar é aprender a viver além dos levianos sentimentos, na verdadeira dignidade". 
 "Merece de a gente aproveitar o que vem e que se pode, o bom da vida é só de chuvisco". 
"A culpa minha, maior, é meu costume de curiosidade de coração. Isso de estimar os outros, muito ligeiro, defeito esse que me entorpece". 
 "Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência". 
"Vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro". 
"Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia...". 
"Mãe, o que é que é o mar, Mãe?" Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?". 
 "Na própria precisão com que outras passagens lembradas se oferecem, de entre impressões confusas, talvez se agite a maligna astúcia da porção escura de nós mesmos, que tenta incompreensivelmente enganar-nos, ou, pelo menos, retardar que prescrutemos qualquer verdade". 
 "O passado é que veio até mim, como uma nuvem, vem para ser reconhecido; apenas não estou sabendo decifrá-lo". 
 "Mas, onde é bobice a qualquer resposta, é aí que a pergunta se pergunta". 
 "Fino, estranho, inacabado, é sempre o destino da gente". 
 "Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é". 
 "Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra, cansado de tanta guerra, crescido de coração". 
"Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o lugar. Viver é muito perigoso...". 
"Viver de graça é mais barato". 
"Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração…". 
"Quem desconfia fica sábio". 
"Eu queria sair de tudo o que eu era, para entrar num destino melhor". 
 "O que lembro, tenho". 
"Adianta querer saber muita coisa? O senhor sabia, lá para cima - me disseram. Mas, de repente chegou neste sertão, viu tudo diverso diferente, o que nunca tinha visto. Sabença aprendida não adiantou para nada... Serviu algum?". 
"O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende". 
 "O fato se dissolve. As lembranças são outras distâncias. Eram coisas que paravam já, à beira de um grande sono. A gente cresce sempre, sem saber para onde". 
"Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina...". 
 "Talvez não devesse, não fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e punge, de dó, desgosto e desengano". 
"Tudo é real, por que tudo é inventado". 
 "Toda saudade é uma espécie de velhice". 
"Coração de gente — o escuro, escuros". 
"Minha tristeza é uma volta em medida; mas minha alegria é forte demais". 
"Significa que posso não ter muito conhecimento e/ou experiência, porém desconfio de como as coisas sucedem já que possuo imaginação". 
 "A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero". 
"Chegando na encruziada tive que me arrezolver... prá esquerda fui contigo... Coração soube escolher". 
"A gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é". 
"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois". 
"Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra". 
"Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado". 
"E, outra coisa, o Diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço ! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza". 
 "Eu sou é eu mesmo. Divirjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa". 
"Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais um do outro. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente". 
 "Os outros eu conheci por acaso. Você eu encontrei porque era preciso". 
 "Penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de 'eternidade'.". 
 "Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado". 
"Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria (...) Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua". 
 "Malagourado de ódio: que sempre surge mais cedo e às vezes dá certo, igual palpite de amor". 
"Narrei ao senhor. No que narrei, o senhor talvez até ache mais do que eu, a minha verdade. Fim que foi. Aqui, a estória se acabou. Aqui, a estória acabada. Aqui, a estória acaba". 
 "O que leva o homem para as más ações estranhas, é estar diante do que é seu, por direito, e não sabe...Não sabe...Não sabe...". 
"Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. O amor não precisa de memória, não arredonda, não floreia: faz forte estilo. E fim". 
"A história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida". 
 "Tem trechos em que a vida amolece a gente, tanto, que até referver de mau desejo, no meio da quebradeira serve como benefício". 
 "Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir". 
"Sigo à risca. Me descuido e vou… Quebro a cara. Quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentido". 
"Eu me lembro das coisas, antes delas acontecerem...". 
 "O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma". 
 "Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir". 
 "Viver é plural". 
"O homem nasceu para aprender, apreender tanto quanto a vida lhe permita". 
"Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto". 
 "Sertão é uma terra de quem é forte, com as astucia, Deus mesmo quando vinhe que venha armado". 
"Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe - mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?". 
"Cada palavra é, segundo a sua essência, um poema". 
"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas. 'Vida' é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma idéia falsa. Cada dia é um dia". 
"Iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. 'Afinam e desafinam'." 
"Amor é sede depois de se ter bem bebido". 
"Para os almanaques. No meu relógio, de uma para outra hora, quando o ponteiro menor sai a levar lembranças, passa-lhe a frente o grande, transportando intrigas". 
"... nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro - o rio". 
"O sertão é dentro da gente". 
 "O sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão". 
"Não por orgulho meu, mas antes por me faltar o raso de paciência, acho que sempre desgostei de criaturas que com pouco e fácil se contentam". 
"Até hoje, para não se entender a vida, o que de melhor se achou foram os relógios. É contra eles, também, que temos que lutar..". 
"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo" 
 "Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito. Eu penso é assim, na paridade... Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor. O que eu quero, é na palma da minha mão". 
"A colheita é comum, mas o capinar é sozinho". 
"Gostava dela, muito…Mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, de maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente, cantada, para chamar pelo seu nome". 
"Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos…Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia…". 
 "Quando chega o dia da casa cair (…) é um dia de chegada infalível, – o dono pode estar: de dentro, ou de fora. É melhor de fora". 
"Para quem não sai, em tempo, de cima da linha, até apito de trem é mau agouro". 
"E tudo foi bem assim, porque tinha de ser, já que assim foi". 
 "Quando o coração está mandando, todo tempo é tempo!". 
 "Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão". 
 "A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado...". 
"Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma".  
"O que é o medo? Um produzido dentro da gente, um depositado; e que às vezes se mexe, sacoleja, e a gente pensa que é por causas: por isto ou por aquilo, coisas que só estão é fornecendo espelhos. A vida é para esse sarro de medo se destruir, jagunço sabe. Outros contam de outra maneira". 
"Ando a ver. O caracol sai arrebol. A cobra se concebe curva. O mar barulha de ira e de noite. Temo igualmente angústias e delícias. Nunca entendi o bocejo e o pôr-do-sol. Por absurdo que pareça, a gente nasce, vive, morre. Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza". 
"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data".
Texto inicial: Léia Silva / Imagens: Google

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