Ayrton Senna: mais que um ídolo, um mito!


1º de maio de 1994! Era dia de assistir a mais um grande prêmio de Fórmula 1, algo que passou a ser uma expectativa para todo domingo. Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália! Nos treinos, um dia antes, havia acontecido um acidente fatal com o piloto austríaco Roland Ratzenberger, mas, infelizmente, apesar da perda, a corrida oficial teria que acontecer. E aconteceu!
Minha expectativa tinha nome: Ayrton Senna! O único esportista que até hoje conseguiu me arrancar risos e lágrimas a cada grande vitória, a cada declaração, a cada gesto de simplicidade, humildade, respeito, profissionalismo, persistência e tantas outras qualidades que só ele tinha. 
Nunca, em nenhum tempo, senti tamanho orgulho pelo meu país! Me emocionava cada vez que ele empunhava a bandeira brasileira, e ela tremulava de alegria nas pistas de vários países e nas curvas de Interlagos. Alegria imensa quando ele conquistou o Grande Prêmio do Brasil em 1991, algo difícil de descrever; era o ídolo vencendo no seu país, de ponta a ponta, desde a largada até o final da corrida; sob chuva, ele cruzou a reta final ao som do Tema da Vitória e da narração espetacular de Galvão Bueno, que naquela época eram a trilha sonora mais gostosa de se ouvir aos domingos...
Um espetáculo inesquecível. Um ser humano ímpar. Um verdadeiro ídolo!
E hoje, a exatos 25 anos, posso dizer por mim, que os domingos nunca foram mais os mesmos! E o 1º de maio, ainda que seja um feriado comemorativo do Dia do Trabalho, será sempre lembrado como o dia da morte de Ayrton Senna. Sim, naquele fatídico final de semana na Itália - país que sou apaixonada - a morte do Ratzenberger foi só o prenúncio de uma perda ainda maior para nós brasileiros e para todos os amantes da Fórmula 1. 
Ironicamente, há uma frase que dizem ser de sua autoria que diz : "se a morte deve levar-me, então que seja com toda força, numa curva, porque vejo-me mal acabar a minha vida numa cadeira de rodas". Dele ou não, a vida cumpriu exatamente o seu curso, naquela fatídica curva de Tamburello, onde seu carro se chocou de forma impressionante, com a força suficiente para lhe tirar a vida.
Primeiro o silêncio de quem não consegue reagir, depois o choro de quem sabe que era o fim. Morreu o ídolo, morreu o sonho. Não o sonho de ser piloto, mas o sonho de ser uma pessoa melhor. Era isso que o Senna transmitia: a possibilidade de sermos pessoas melhores, em qualquer profissão, em qual propósito de nossas vidas. A esperança que ele incutiu ao povo brasileiro, além do orgulho, é sem precedentes, e nada, nem absolutamente ninguém depois dele conseguiu trazer esse sentimento tão puro e engrandecedor de nacionalismo, de alegria de ser brasileiro. Era algo diferente, único, inexplicável. Por isso, não perdemos o piloto, o ídolo, mas um ser humano que representava nossa melhor essência; não perdemos o Ayrton Senna do Brasil, mas o seu legado de esperança e fé de que podemos ser e fazer um povo e um país melhor! 
O nó na garganta ainda é o mesmo, porque sempre haverá uma lembrança doída daquele dia, e uma eterna saudade dos domingos em que os pneus roncavam e era tão comum ouvir o Tema da Vitória nas chamadas que antecediam cada corrida e as tantas vezes que ele foi ouvido nas vitórias de Senna. Mas a vida segue... E nos resta apenas homenagear aquele que um dia nos fez sentir brasileiros de verdade, imperfeitos sim, mas capazes de representar com orgulho nossa nação. 
Gratidão é o que fica por seu legado, Senna. Obrigada, obrigada, obrigada!

Homenagem à Ayrton Senna

"Era uma vez um Silva, tipicamente brasileiro
Desses que misturam lágrimas e sorriso
E com a bandeira na mão, desfralda a esperança de seu povo
Um brasileiro dono da cena
Que fazia Ayrton desenhar nossos sonhos pela pista da vida
O cockpit era pequeno
Mas tinha o tamanho suficiente para que Deus fosse seu co-piloto
Por isso, Ayrton não morreu
Ele continua correndo rumo ao paraíso, amparado pelas mãos do Criador
Senna foi tão grande que já não se pertencia
Era o polle-position de todos
E todos o tinham como um pedaço de alegria e esperança
A mais de duzentos quilômetros por hora
Sua velocidade era o símbolo de que há uma nação perseguindo a vitória
O Silva não se foi
E o Ayrton não saiu de cena
Porque os campeões não perdem
Apenas adiam sua vitória
E, se a vida dá muitas voltas, Senna
Você, com certeza, já está numa delas
Pronto para mais um grande prêmio
O grande prêmio da saudade
Porque você não foi apenas o filho amado
Ou o irmão que todos gostariam de ter
Você é, para quem te conheceu, algo mais profundo 
Que a gente escolhe 
E nem o tempo e a distância conseguem separar
Você será, eternamente, o Ayrton Senna da Silva...
Amigo do Brasil!"

• Transcrição de mensagem de áudio feita por uma emissora de rádio de BH •
Texto: Léia Silva / Imagem: Google

Um comentário

  1. O livro "A arte de correr na chuva", apesar de ser uma ficção, é uma homenagem do escritor Garth Stein ao piloto Ayrton Senna, de quem ele se declarou grande fã!

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