Romênia: a terra de Drácula, dos mitos e dos encantos


No curso de Letras, tive a oportunidade de fazer uma disciplina sobre a Romênia, dentro do estudo da Filologia Românica, uma análise das línguas e dos povos românicos. E nessa disciplina, pude não só conhecer a influência dos povos romanos antigos, principalmente na língua, mas também, parte da cultura, da história e da luta de um povo e de um país que ocupa um lugar privilegiado no centro-sudeste da Europa, fazendo fronteira com Hungria, Sérvia, Ucrânia, Moldávia e Bulgária! A Romênia, país de belas paisagens é cortado pelo Rio Danúbio e rodeado pelos Cárpatos, a segunda maior cadeia de montanhas da Europa, o que, desde a Idade Média facilitaram as diversas invasões de povos estrangeiros (bárbaros) que além de povoar e compor a cultura e história do país, também foram responsáveis pelas sangrentas guerras e lutas de um povo que, apesar de todas as atrocidades pelas quais passaram ao longo dos séculos, inclusive no regime ditatorial de Nicolae Ceauşescu, que devastou a Romênia entre 1965 a 1989, nunca perderam a sua raiz e seu sentimento de nacionalismo. Um povo que até os dias atuais demonstram grande força e crença na imortalidade da alma, considerando os sofrimentos e a morte como uma simples passagem para uma nova moradia.
Foi também na Romênia que nasceu o lendário Conde Drácula, um mito retratado constantemente nas telas dos cinemas e, claro, que leva centenas de turistas a visitar o seu castelo, situado na Transilvânia; a história do mito surge de uma fantástica associação ao príncipe da Valáquia, Vlad III (vale a pena conhecer a história), que governou essa região da Romênia por três épocas diferentes... Além do Castelo de Bran ou Castelo do Drácula, diversos outros castelos e fortalezas compõem a paisagem e o turismo da Romênia, além de monumentos, montanhas e igrejas; além disso, há uma vasta gama de filmes, que retratam os costumes e tradições, os mitos e o modo de vida romeno, como "O casamento silencioso", "Transylvânia", "Vlad Tepes: o príncipe das Trevas" e muitos outros que a gente vai descobrindo aos poucos. E vale destacar também a literatura romena, que pude conhecer um pouco através da disciplina, com contos maravilhosos, como "O leite da morte", "A lenda do Mestre Manole", "A cordeirinha" e "Mioritza", que me levou a conhecer o mito da construção, que é emocionante. Portanto, há muito o que se conhecer e se encantar com esta terra e esse povo, que ninguém melhor do que historiador romeno Mircea Eliade para definir, já que foi sua terra e sua gente o seu maior objeto de estudo, num legado que conta não somente a história do seu povo, mas a grande força e importância humana que deixaram para o resto do mundo. No trecho do texto "Os Romenos: latinos do oriente", transcrito abaixo, a gente percebe o porquê foi precioso e necessário pra vida - não só acadêmica - conhecer um pouco da Romênia.

Os Romenos: latinos do oriente
"As missões históricas dos povos nem sempre têm o mesmo esplendor. Há nações cujo papel na História é tão evidente que nunca ninguém pensou em duvidar dele. Mas há, também, outras nações, menos felizes, que cumpriram missões bastante ingratas sem que o mundo o soubesse. Podemos falar mesmo dum papel histórico, manifesto, como o dos antigos Romanos, e dum papel histórico, imanifesto, como o dos seus descendentes na Dácia - os Romenos. Ignorada ou mal compreendida pelos outos, a vida destas nações é, todavia, profundamente intensa. A sua história não é trágica, é como que transfigurada, por assim dizer, por urna permanente presença divina. 
Estes povos não conhecem o repouso, a serenidade, a alegria de criar no tempo. Constantemente atacados, estão sempre a defender-se. A sua história é mais do que uma série de lutas pela independência ou pela honra; é uma guerra contínua, que dura séculos, pela vida, pela própria existência. Em cada uma das suas batalhas, arriscam tudo: o direito de viver, a sua religião, a sua língua, a sua cultura. A cada instante, Deus está com eles, porque podem, a cada momento, desaparecer de maneira total e definitiva. Os Romenos tiveram esse papel imanifesto na história europeia; conheceram o drama de viver cada instante como se fosse o último instante da sua vida". 

• Fragmento de texto do escritor Mircea Eliade extraído do blog "Marte é para os fracos" • 
Texto inicial: Léia Silva / Imagem: Google

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