Conheci a história de Grande Sertão: Veredas através da minissérie global, exibida nos anos 80 e reprisada um tempo depois, onde os atores Bruna Lombardi, Tony Ramos e Tarcísio Meira ficaram eternizados nos papéis de Diadorim, Riobaldo e Hermógenes.
O livro de Guimarães Rosa, porém, ganhou vida e força em 2015, quando tive a oportunidade de, no curso de Letras, fazer uma disciplina baseada no romance e, a cada aula, ser contaminada por uma paixão que ia muito além do estudo da maior obra desse grande escritor! Estudar Grande Sertão: Veredas foi, de fato, enveredar por um mundo muito particular de um gênio da literatura brasileira, com uma linguagem diferente e ao mesmo tempo encantadora, que trazia não só uma espécie de poesia em cada trecho, mas também uma revelação em cada palavra inventada... Mesmo não conseguindo ler o livro todo ao longo do curso, e mesmo antecipando e revelando a história ao longo das aulas, a cada página, tinha a sensação de algo novo, de um sopro de vida num querer de descobrir mais, de aprender mais, de ir além daquele universo meio mágico. A partir daí, me encantei por um escritor que ia muito além das páginas do livro - que vou ainda ler todos, por necessidade da alma - e me levou até Cordisburgo, a cidade natal de Guimarães Rosa, numa excursão organizada dentro da disciplina.
"A Cidade do Coração" (do latim "cordis e do alemão "burgo"), é pequena, mas acolhedora. E transpira a história de Guimarães Rosa, seja nas referências a ele que estão por todo canto e vão dos nomes das lojas aos 95 marcos territoriais que sinalizam locais citados em suas obras, seja no Museu Casa Guimarães Rosa, instalado na casa em que ele nasceu, em 1908, e viveu até os 9 anos de idade, um lugar pequeno mas com um acervo rico das memórias do escritor - alguns cômodos da casa original foram recriados, como a cozinha, a venda e o quarto da avó de Guimarães Rosa, além do acervo dedicado aos seus romances, com os rascunhos de suas obras rabiscados a mão, as fotos, mapas e objetos que retratam suas histórias! Há outras belas homenagens ao escritor, como o Portão Grande Sertão, composto pelas esculturas em bronze de seis vaqueiros montados em seus cavalos, um cachorro e o próprio Guimarães, emoldurado por um pórtico de chapa de aço em tamanho natural; além disso, há sempre a oportunidade de ouvir o Grupo de Contadores de Histórias Miguilim, um projeto composto por jovens entre 13 e 20 anos que recitam trechos das obras do autor nas visitas guiadas no Museu; além disso, é possível (e obrigatório) participar da caminhada eco-literária, uma espécie de trilha pelo sertão, onde outro grupo de contadores - o Caminhos do Sertão - surge do meio do mato interpretando cenas e trechos de alguma obra específica - na oportunidade, nos apresentaram Grande Sertão: Veredas e foi de arrepiar e de emocionar, principalmente a passagem final da obra... E para finalizar o passeio, vale a pena conferir a loja do Brasinha, um dos integrantes do Grupo Caminhos do Sertão, que é uma figura de um carisma e uma vitalidade admiráveis; na loja é possível comprar objetos artesanais e camisetas com frases das obras de Guimarães Rosa. Um passeio inesquecível, que pode, inclusive, ser apreciado de uma vez só na Semana Roseana, que acontece todos os anos no mês de julho, onde vários eventos homenageiam e dão vida ao imortal Guimarães Rosa, suas obras, suas histórias e os seus eternos caminhos pelo sertão!
E além de toda essa excursão literária, ainda tem a Gruta de Maquiné, que é um espetáculo à parte, um show da natureza!
• Texto baseado na descrição do Wikipédia •
Texto: Léia Silva / Imagem: Google

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