Nunca tive grande vontade de conhecer o mar... Até conhecer, é claro! E me arrepender muito de não ter tido essa sensação antes, porque o mar é algo que não se explica, mas que se aprende a amar à primeira vista! Só fui ter essa alegria em 2015, na primeira viagem que fiz fora de Minas, para uma cidade chamada Fundão, no Espírito Santo, viagem esta feita no trem BH-Vitória, um antigo desejo e agora sonho realizado.
Claro que, marinheira de primeira viagem e ariana com medo de água em abundância, fui cautelosa naquele mundão sem fim, mas não economizei admirar o infinito e nem andar despreocupada na areia, sentindo o cheiro de liberdade, contemplando a imensidão dos azuis que se fundem e se confundem entre céu e mar! Ah, e aquele tom prateado das manhãs! Beleza sem igual! Vontade de ficar ali pra sempre, observando o vai e vem das ondas, o barulho suave do vento e das águas, a brisa tocando o rosto, o céu azul, o mar cheio de nuances e...a paz, uma paz sem igual... E sim, uma sensação de saudade, tal qual descreve Miguilim, o doce personagem de Guimarães Rosa! Mar talvez se traduza assim, em simples saudade...
"Mãe, o que é que é o mar, Mãe?"
Mar era longe, muito longe dali,
espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim,
Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava.
"Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?"
• Trecho do livro "Manuelzão e Miguilim" - João Guimarães Rosa •
Texto inicial: Léia Silva / Imagens: Arquivo pessoal

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